quinta-feira, 15 de maio de 2008

E aquela parte da igualdade onde está mesmo?

Na ultima quarta-feira dia 13/05 comemorou-se os 120 anos da Abolição da Escravatura e hoje uma das questões mais discutidas é a cota para negros nas universidades.

Existem aqueles que são totalmente contra, outros são a favor e o governo se divide. Todos tem teses e bons argumentos, mas as vezes eu me pergunto. Quem realmente está certo?

Acho que as cotas são uma medida emergencial, elas não são e acredito que nem tem a pretensão de ser uma solução para a desigualdade no país.

Daí muitos dizem, “mas o certo não seria dar cota para os alunos da escola pública?”
Porra!!!! ( desculpe a expressão) mas onde estão a maioria dos negros? Se não na escola pública.

Até onde eu sei eles não estão em sua maioria no colégio Bandeirantes, Dante Alighieri, Agostiniano Mendel entre outros colégios da elite, Não eles estão na escola pública e Não! a solução não é dar cota para aluno da rede pública.

A solução é consertar a escola base para que todos possam ter a chante de competir de igual para igual, mas isso só daria resultado daqui há uns quinze, vinte anos. Daí eu pergunto e essa galera que está aqui agora?

Que só quer uma chance de estudar e provar que são capazes. Eles vão ter que fazer como seus pais fizeram, esperar para que a próxima geração consiga o que eles não conseguiram.

Que justiça é essa? Que igualdade é essa? Não entendo sinceramente como existe gente que não enxerga a brutal diferença no número de negros e não negros graduados. Sem a chance de ter um diploma universitário o negro não chega a cargos de chefia e de liderança. Agora te faço uma pergunta: Quantos negros você conhece com cargos de liderança?

Então me diz é injusto existir cota para o ingresso de negros em universidades? “ O negro deixou a senzala para morar na favela” disse ministro da igualdade racial Edson Santos em evento no dia 12/05 na Universidade da cidadania Zumbi dos Palmares.

E é exatamente assim que caminhamos, quando assistimos algumas pessoas lutarem contra uma vitoria, contra o acerto de uma injustiça.

O que eu e muita gente quer, é ver o negro na universidade, o que eu sonho é com um país onde a educação funcione e ai quando esse dia chegar, ai sim nós negros poderemos dizer que chega de cota, mas por hora nós precisamos sim das cotas, se nós queremos um país justo esse país tem que ter médicos, advogados, dentistas, cineastas, jornalista e entre outras mil profissões com negros no mercado.

“Precisamos vivenciar uma nova extinção da escravatura, que transcenda o corpo da lei e faça prevalecer o seu espírito. Uma libertação que não fique só no papel, mas que conquiste também as consciências” avaliou Gilberto Gil para edição de Maio 2008 do Le Monde Diplomatique Brasil.

Sem mais Danielle Júlio.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

E o furo vai para...

Olá, a Dani já fez as “honras da casa” no post anterior, então vou falar, bem rapidamente, sobre mim. Sou estudante de jornalismo e posso me considerar um apaixonado por essa profissão. O “Caixa Alta” foi uma idéia que tive junto com a Dani para podermos escrever e comentar as notícias que, em caixa alta ou caixa baixa, preenchem os meios de comunicação, seja na TV, rádio, jornal, revista ou Internet. A minha intenção no blog é tentar trazer sempre o “bastidor” da notícia. Como ela deve ter sido produzida e os reflexos dela. E é com esse objetivo que eu começo o meu texto nesta segunda-feira, dia em que vou falar dos noticiários do fim de semana.

Um furo de reportagem é sempre motivo de grande comemoração para um jornalista. Nesse fim de semana vimos um do caso que está chamando a atenção de toda a mídia nacional, a entrevista da mãe da menina Isabella, Ana Carolina Oliveira, ao “Fantástico” da TV Globo. Quem assistiu à entrevista pode não ter parado para pensar, mas imaginem a quantidade de vezes que a jornalista Patrícia Poeta deve ter insistido com a mãe de Isabella para que essa entrevista acontecesse.

Tudo aconteceu melhor do que o esperado. Propositalmente ou não a entrevista foi ao ar bem no dia das mães, e dois dias antes da decisão sobre o pedido de habeas corpus do pai e da madrasta da menina ser divulgado. Penso que o trabalho da repórter Patrícia Poeta neste caso deve ser mantido como uma aula prática de jornalismo. Uma aula de como cativar e conquistar a confiança da fonte, já que durante a entrevista vimos a jornalista comentar das inúmeras conversas que já havia tido com Ana Carolina.

Confesso que fiquei com receio que a Patrícia Poeta se emocionasse no meio da entrevista, um “erro gravíssimo para o repórter”, como eu mesmo já ouvi um professor de jornalismo explicando. “Erro” esse que já foi cometido inúmeras vezes, inclusive por jornalistas famosos e bem conceituados.

No ponto de vista comercial um furo de reportagem, principalmente no caso Isabella, é extraordinário. Segundo dados do Ibope, veiculados no portal “UOL”,a entrevista com Ana Carolina de Oliveira rendeu ao “Fantástico” rendeu um pico de 43 pontos no Ibope, sendo que a média é de, geralmente, 28,2 pontos. Só para se ter uma idéia, cada ponto no Ibope significa cerca de 55,5 mil televisores da Grande São Paulo.

No fim, quem ganha com o furo de reportagem é o espectador, que nessa intensa concorrência jornalística é beneficiado com informação ágil e de qualidade. Não importa o veículo onde a notícia é veiculada, o que vale é que o espectador foi atendido. Daí sim podemos dizer que a imprensa cumpriu o seu papel.

domingo, 11 de maio de 2008

Pra Começar...


Olá eu sou Danielle Júlio e sou uma das autoras desse blog, pra começar vou explicar um pouco da finalidade dele.

Tudo começou quando eu e o Felippe nos conhecemos na faculdade. Nós queríamos que as coisas acontecessem, queríamos escrever e não só fazer exercícios, depois de muitas tentativas fracassadas com outras pessoas resolvemos fazer um blog nosso, um blog que tivesse a nossa cara, a nossa vibe.
Dai surgiu o Caixa Alta. E aqui você vai ler o que acontece. Na visão de dois jornalistas em formação, de uma maneira simples e com comentários de convidados especiais toda semana.

Bom é isso. Bem Vindo ao Caixa Alta.

E hoje vamos começar de cara com um comentário de Vinícius Souto que é também um estudante de jornalismo e um amigo meu e do Felippe que nos presenteou com um belo comentário.

"Êta fome

A imprensa é faminta. E comida não tem toda hora. Aquele almoço com aquele prato cheio, então...

O caso Isabella exemplifica. Garotinha arremessada pela janela de um prédio é notícia. Investigação também. A morte comoveu o país, tocou consciências e amoleceu corações. Mas, peraí, precisa de tudo isso? Os jornalistas, obcecados pelo furo, aglomeram-se em torno de nada e entopem a cabeça do cidadão com pseudo-verdades. Caos. Criam expectativa, pressionam a polícia, julgam e condenam antecipadamente. Não se contentam mais em contar histórias, o intuito, agora, é protagonizar.

Conseguir mais que o concorrente, estar na cara do gol, informar “minuto-a-minuto”, em tempo real, com entrevistas exclusivas. Não há o que dizer. Ofereçamos tempo ao tempo. Sem regurgitar. A notícia quando for prudente. Do contrário, fica vazio de significado, difícil até de redigir. Como escrever na famosa pirâmide invertida? É quase impossível optar pelo mais importante. Nada é importante. Cortar pelo pé? Fácil. Corta tudo.

A mídia proporciona o espetáculo. E como todo entretenimento precisa de público, tem. Ao vivo ou não. Famílias reúnem-se no domingo para ver o que o abominável Nardoni vai dizer. Jovens acessam as fotos da doce Isabella no Youtube. Curiosos e oportunistas passam o dia em frente ao prédio-estrela, claro, munidos de faixas, tintas e um pão com mortadela.

A chamada grande imprensa, aproveita-se para omitir fatos, talvez, de maior relevância. Usa casos desse tipo para evitar análises mais profundas e reveladoras que vão de encontro à “lógica do sistema”. Há muito tempo que o capitalismo não agoniza como hoje. As esquerdas ganham poder na América Latina, como Lugo, no Paraguai. Os movimentos sociais lutam por democracia. Centenas de crianças morrem de fome por dia. Jornais, tevês e revistas “não perdem tempo com tamanha chatice”.

Cobrir o caso Isabella pendeu ao lugar-comum. Os jornalistas merecem mais. A família e os acusados, respeito. Os cidadãos, consideração. Dá pra comer bem, sem comer toda hora, com exagero. Vamos manter a forma, eliminar e repudiar a gordurinha localizada. Sejamos inteligentes a ponto de saber como pegar o garfo e a hora de levá-lo à boca.


Lá vamos nós

O caso de Ronaldo e suas amiguinhas também causou estardalhaço. Serviu, ao menos, para mudar o foco, até então, nos Nardoni. Ouvir André-Andréia em programas vespertinos detalhando o fato e prometendo escrever autobiografia é jocoso. Ronaldo, ídolo da minha geração, com olhos inchados, tendo que explicar e lamentar é piada.

Deveria, sim, se preservar. Afinal todas as câmeras estão preparadas pra flagrar o tropeço de uma estrela internacional. Mas julgar preferências ou atitudes em espaço privado, não cabe a ninguém, muito menos à imprensa. As conseqüências recairão sobre ele. A Ronaldo cabe discernir.

Novamente, um prato cheio. Quer coisa mais temperada? Tudo vira notícia. A cueca dele e delas (?), o período no motel de “quinta categoria”, o cabelo descabelado. Explorar até esgotar. Mas o silêncio demora a chegar.

Seguimos nós vivendo sob um jornalismo ansioso, incipiente e faminto.

Vinícius Souto, apesar de tudo, é feliz e come bem."